Governo de MS, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e instituições ambientais reúnem produtores e moradores do entorno de Parque Estadual para discutir práticas de manejo do fogo

14/10/2024

Encontro faz parte das atividades do projeto Consolidação do Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro (PEPRN)

Com os extremos climáticos cada vez mais evidentes, em especial no Pantanal, como consequência da seca histórica e incêndios florestais, a Primeira Reunião de Apresentação e Planejamento do Plano de Manejo Integrado do Fogo (PMIF), que integra o projeto Consolidação do Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro (PEPRN), reuniu produtores rurais e moradores do entorno do PEPRN para trabalhar propostas de práticas de manejo na região da unidade de conservação.

A agenda aconteceu nesta quinta-feira (10), na Base de Estudos do Pantanal da UFMS, na região do Passo do Lontra, em Miranda (MS). E a realização se deu a partir da parceria entre a Mupan – Mulheres em Ação no Pantanal e a Wetlands International Brasil, com o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), por meio do Núcleo de Estudos do Fogo em Áreas Úmidas (NEFAU) – sítio de pesquisa que executa o Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD), e o Instituto Terra Brasilis.

Na Reunião foram levantados métodos ecológicos do uso do fogo, o que reflete em algumas mudanças, como a diminuição na propagação de incêndios florestais, melhoramento da produção agrícola, controle de pragas, dentre outros.

Queremos fazer o que chamamos de pirodiversidade, ou seja, usar o fogo a favor do ambiente e das espécies por meio de queimas prescritas e controladas, feitas dentro de ações integradas e previstas em plano de manejo integrado do fogo, explicou Geraldo Damasceno, coordenador do PELD NEFAU.

O PMIF prevê o mapeamento das áreas mais passíveis de pegarem fogo no parque e a criação de um cronograma com locais prioritários para receberem queima prescrita.

Genoir Mokwa, é gerente da Fazenda São Bento, uma das áreas de pesquisa da PELD, e participou do encontro à convite da Universidade. Segundo ele, com os incêndios que afetam o Pantanal, quase três mil hectares da propriedade ficam comprometidos, e entender mais sobre a queima prescrita, por exemplo, ajuda no planejamento das ações e se torna uma esperança pra quem sofre com o fogo desenfreado.

Para Áurea Garcia, diretora geral da Mupan e coordenadora de políticas da Wetlands International Brasil, cultivar parcerias que enxergam a necessidade de levantar debates e diálogos que refletem na construção de capacidades e geração de conhecimentos entre as equipes técnicas e as populações do entorno devem ser um movimento comum, inclusive no cenário atual, com a crise climática.

Nos anos de 2019 e 2020 as secas extremas maximizaram os incêndios, com isso, buscamos potencializar as ações inteligentes para a prevenção e a partir dos conhecimentos e uso do fogo. No caso do Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro, essa é uma área importante para a manutenção da saúde e conectividade das áreas úmidas, e com o PMIF conseguimos traçar ações mais assertivas, desde mobilização até a queima prescrita, completou.

De acordo com Leonardo Palma, Gerente de Unidades de Conservação do Instituto do Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), o PEPRN será a primeira área protegida do estado a implementar o Plano De Manejo Integrado do Fogo que, em sua base, é o documento que aponta estratégias para garantir que os objetivos de conservação e uso da unidade de conservação sejam atingidos.

Um proprietário rural busca tirar da fazenda o que de melhor ela pode oferecer, para isso ele faz um planejamento de uso, obedecendo as regras ambientais, no caso das unidades de conservação o planejamento também ocorre, e seu conteúdo é parte de um plano de manejo. Este debate foi importante para expor como o Imasul deverá agir para garantir à sociedade que os objetivos do parque sejam atingidos, e para apresentar o Plano de Manejo Integrado de Fogo, que é um documento que ajuda a organizar melhor o território., esclarece Leonardo.

Além dos produtores rurais e moradores do entorno do parque, estiveram presentes representantes do Prevfogo/Ibama, Sindicato Rural de Corumbá, Aliança 5P, Corpo de Bombeiros, Exército, Polícia Militar Ambiental (PMA) e Marinha do Brasil.