Por que o Brasil está pegando fogo?

24/11/2020
Foto: Jeferson Prado
Foto: Jeferson Prado

É com esse tema que a UFMS, Mupan e Wetlands International Brasil participam de um dos seminários nacionais mais importantes em pós-graduação do País

"Por que o Brasil está pegando fogo?" é essa pergunta que dá nome a mesa de debate promovida na terça-feira (24), das 18h às 20h (horário de Brasília), no IV Seminário Nacional de Integração da Rede ProfCiamb - Programa de Pós-graduação em Rede Nacional para Ensino das Ciências Ambientais. O tema será trabalhado por quatro especialistas da área, incluindo duas de Mato Grosso do Sul que fazem parte da diretoria da Mupan - Mulheres em Ação no Pantanal, a pesquisadora e professora Drª. Ângela Zanon, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), e a Drª. Áurea Garcia, que é diretora-geral da Mupan e coordenadora de políticas da Wetlands International Brasil. O encontro será transmitido pelo Youtube, no canal de vídeo PROEX - UEFS.

O nome da mesa de debate, em forma de pergunta, é um convite a reflexão quanto aos reais motivos que desencadearam o aumento no volume incêndios no País. Incêndios que se concentraram nos três biomas de maior biodiversidade de flora e fauna do nosso território: a Amazônia, o Pantanal e a Mata Atlântica.

"Em princípio, na minha participação, vou focar nas questões mais técnicas abordando sobre o aumento da temperatura global, aumento da temperatura no Pantanal, e quanto ao regime de chuvas que diminuiu muito este ano e contribuiu para os incêndios. Então, vou focar mais nessas questões técnicas que, com certeza, tiveram uma grande contribuição nesse aumento de incêndios que tivemos este ano", explica a pesquisadora da UFMS, Ângela Zanon.

De caráter itinerante, o evento é realizado todos os anos em uma cidade no Brasil. Contudo, por conta da pandemia, esta quarta edição será realizada online pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Bahia. O seminário também estará aberto, no Youtube, ao público em geral.

Toda a grade de atividades terá dois eixos centrais: as mudanças climáticas e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Esse último que faz parte da agenda mundial adotada pelas Nações Unidas, desde setembro de 2015, composta por 17 objetivos e 169 metas a serem atingidos até 2030. "Recebi o convite para participar do evento pelo fato de eu fazer parte de uma universidade que tem muita relação com o Pantanal. O seminário vai envolver alunos e professores desse curso de pós-graduação", justificou a pesquisadora.

Em Chamas - No que implica ao cenário desastroso de queimadas, Ângela Zanon complementa a importância de dividir o seu espaço de fala com outra especialista. "Da mesma forma que eu vou enfocar as questões técnicas, que colaboram muito para o entendimento desses incêndios, a Áurea Garcia pode, com muita propriedade, enfocar o que a Mupan e a Wetlands International, bem como outras organizações estão fazendo para minimizar os efeitos dessas queimadas no Pantanal".

No Pantanal, a paisagem mudou com quase 30% do bioma atingido pelos incêndios, o que equivale ao tamanho da Holanda. Fogo que devastou importantes territórios de vida, inclusive, a Serra do Amolar, situada em território sul-mato-grossense. Considerada a pior temporada de incêndios dos últimos 50 anos.

Já na Amazônia, os dados não são menos alarmantes. O número de queimadas, em 2020, superou o recorde anterior, que era o de 2005, e passou a ser o maior da história. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostraram que, até o dia 11 de outubro deste ano foram registrados 15.700 focos ativos, enquanto em 2005 o acumulado, nos doze meses, foi de 15.644 casos.

Seminário

O evento surgiu, no ano de 2016, pela necessidade da comunidade científica que compõe a Rede Nacional para Ensinos das Ciências Ambientais, de intercâmbio de experiências entre docentes e investigadores pertencentes a nove universidades: USP, UEM, UFAM, UFPA, UFPE, UFPR, UFS, UNB e a própria UEFS. Encontros que já foram realizados na cidade de São Carlos (SP), em Aracaju (SE) e em Belém (PA), nos respectivos anos, 2016, 2017 e 2018.